Nunca tive dúvidas acerca da grandiosidade do coração de uma criança. Do modo simples e sábio como veem o mundo. Hoje pude comprová-lo com uma conversa com a minha princesa mais velha.
Chegamos da escola e ela quis mostrar-me um panfleto que trazia acerca do dia do pijama que se comemorará na próxima segunda feira, dia 21 de Novembro. Durante o jantar foi-nos explicando o que tinha aprendido acerca do assunto. Trazia uma espécie de mealheiro em forma de casinha onde irá colocar moedas para os meninos que não têm pai nem mãe, explicou ela.
Anualmente fazemos uma doação para uma instituição, e tínhamos decidido cá em casa que ela este ano iria participar. Aproveitei a conversa para lhe dizer que os meninos que não têm pai nem mãe também não têm brinquedos, e que podia escolher alguns dos dela para dar também. Ela aceitou e lá fomos para a sala para os escolher. Nessa altura disse-me: "mãe, é melhor escolhermos brinquedos que falam porque os meninos não têm mãe nem pai."
Não consegui conter as lágrimas. Como é que uma menina de 3 anos percebe os silêncios que podem haver na vida dos meninos sem pais?
Escolheu um urso contador de histórias, uma boneca e alguns livros.
Disse-lhe que podíamos ir ao armário escolher alguns peluches também. Ela concordou e começou por escolher um que era meu. Eu disse-lhe que aquele não valia. Que aquele era meu, de quando eu era pequenina, ao que ela me perguntou: "mãe, tu vais ser pequenina outra vez?"
Respondi-lhe que não, que já não podia voltar a ser pequenina.
"Então para que é que queres isto?" - perguntou-me de seguida.
Fiquei sem resposta. Sem resposta perante a grandiosidade do coração de uma menina de 3 anos que apesar de ter tido sempre tudo, até mais que o necessário, conseguiu perceber a importância de partilhar e de nos desapegarmos das coisas em prol de quem realmente precisa delas.
Estou muito feliz e orgulhosa! E claro, o peluche está junto dos outros brinquedos para doar. 😊
